terça-feira, 22 de janeiro de 2013

MOSTRA ESPECIAL ZÉ DO CAIXÃO - NO CANAL BRASIL

Nascido numa sexta-feira, dia 13 de março de 1936, José Mojica Marins é um dos maiores nomes do cinema de terror no Brasil. Em 2013, seu personagem mais famoso completa 50 anos de existência.
 
zé do caixão; 2012 (Foto: Juliana Torres) Desde a década de 60, o lendário coveiro Zé do Caixão vaga à procura de uma mulher superior, capaz de lhe dar o tão sonhado herdeiro perfeito. Dotado de chapéu, capa negra, barba e unhas enormes, o homem impiedoso não descansa enquanto não alcançar seu objetivo.
 
O tipo surgiu após um pesadelo macabro de seu inventor: um ser de roupa preta o tirava da cama, o levava até o cemitério, abria um túmulo e o jogava dentro. Assustado, Mojica considerou o acontecimento um sinal.
 
Assim, em 1963, surgia o cruel e sádico Zé do Caixão, que estrelaria, no ano seguinte, o seu primeiro longa: À Meia-noite Levarei sua Alma. Desde então, foram inúmeros títulos que se tornaram verdadeiros clássicos.
 
A partir de janeiro, Leona Cavalli apresenta filmes marcantes nessa história cinquentenária: À Meia-noite Levarei sua Alma (1964); Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967); O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968); O Despertar da Besta (1969); Exorcismo Negro (1974); e Delírios de um Anormal (1978), além dos inéditos Finis Hominis (1971); A Estranha Hospedaria dos Prazeres (1976); Demônios e Maravilhas (1976); e Inferno Carnal (1977).
 
A partir de hoje, terça, dia 22/01, à meia-noite e quinze, começa uma programação especial para comemorar os 50 anos de existência do Zé do Caixão.
 
Confira os filmes programados:
À Meia-noite Levarei Sua Alma (1964) (82’) – Dirigido e estrelado por José Mojica Marins, o filme foi o primeiro em que apareceu o personagem Zé do Caixão. A obra faturou os prêmios Tela Fantástica e Tiers Monde da imprensa mundial na III Convenção de Cinema Fantástico (França) em 1974 e o Prêmio Especial no Festival Internacional de Cine Fantástico e de Terror Sitges (Espanha) no ano anterior. O coveiro Zé do Caixão (Mojica) apresenta um comportamento sádico e cruel. Seu objetivo é conseguir gerar um filho perfeito, não hesitando em assassinar as mulheres e os homens que involuntariamente impedem a concretização de seu desejo. Assim, desperta o ódio dos moradores de uma pequena cidade. Ao saber que sua esposa não pode engravidar, ele procura uma substituta: a namorada de seu amigo. Após ser violentada por Zé, a moça jura cometer suicídio para retornar dos mortos e levar a alma daquele que a desgraçou. A saga tem continuidade no titulo Esta Noite Encarnarei no Seu Cadáver (1967). Terça, dia 22/01, à meia-noite e quinze.
 
Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967) (109’) – O título é considerado um clássico do horror nacional, com direção e atuação do protagonista José Mojica Marins. Após sobreviver a um ataque sobrenatural no final de À Meia Noite Levarei Sua Alma, o coveiro Zé do Caixão continua sua busca obsessiva pela mulher ideal capaz de gerar o filho perfeito. Com a ajuda do fiel criado, ele rapta seis belas moças, submetendo-as a terríveis sessões de tortura. Aquela que mostrar mais coragem e sobreviver será eleita progenitora. Zé, no entanto, comete um crime imperdoável ao assassinar uma jovem grávida. Atormentado pela culpa tem um terrível pesadelo no qual é levado para um inferno gelado, onde reencontra suas vítimas. Terça, dia 29/01, à meia-noite e quinze.
 
O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968) (81’) – Produzida e assinada por José Mojica Marins, a obra é uma compilação de três contos de horror: O Fabricante de Bonecas, Tara e Ideologia. A canção-título foi escrita pelo próprio diretor, sendo interpretada por Edson Lopes e o grupo de samba Titulares do Ritmo. No elenco, além do cineasta, estão Vany Miller, Veronica Krimann, Paula Ramos, Esmeralda Ruchel, Luís Sérgio Person e Mário Lima, dentre outros. Em O Fabricante de Bonecas, marginais invadem a casa de um velhinho e descobrem o segredo da confecção de suas bonecas, cujos principais detalhes são os olhos realistas. Já Tara retrata um pobre vendedor de balões obcecado por uma garota que ele segue nas ruas, só conseguindo possuí-la após a morte. Em Ideologia, o excêntrico professor Oaxiac Odéz (José Mojica Marins) enfrenta um rival e tenta provar que o instinto prevalece sobre a razão, com direito a fortes doses de canibalismo e sadomasoquismo. Terça, dia 05/02, à meia-noite e quinze.
 
O Despertar da Besta (1969) (93’) – Inicialmente batizado de Ritual dos Sádicos e gravado no final da década de 60, a obra foi vetada pela censura da época. Narcóticos, sexo e delírios do personagem Zé do Caixão: tudo isso está presente na trama que é considerada uma das mais radicais da carreira de Mojica. O longa trabalha de forma metalinguística e reflete, dentro da mesma narrativa, questões externas e internas. Com estilo de cinema experimental, o filme foi relançado e renomeado em 1983. De forma não linear, a história conta sobre testes feitos por um psiquiatra utilizando LSD a fim de estudar os efeitos provocados pela macabra imagem de Zé do Caixão. O resultado combina perversão e sadismo em diferentes delírios. A interpretação rendeu o prêmio de melhor ator para José Mojica e melhor roteiro no Rio Cine Festival, em 1986. Terça, dia 12/02, à meia-noite e quinze.
 
INÉDITO e EXCLUSIVO: Finis Hominis (1971) (80’) – A trama é a décima terceira obra do cineasta. Carregado pela simbologia do número 13, o longa-metragem conta a história do apocalíptico Finis Hominis, que significa “o fim do homem” em latim. As características físicas de Zé do Caixão se repetem na construção do lunático e profético protagonista: as mesmas unhas vampirescas e o tom de voz funesto. O roteiro entrelaça diferentes situações e personagens que aparecem aos poucos no filme. Inspirado em referências bíblicas, Mojica interpreta um indivíduo que percorre a cidade espalhando milagres em nome da justiça. Passagens como a da mulher que volta a andar, da adúltera e do levantar do morto estão presentes na produção. O título se configura como uma grande crítica aos falsos profetas espalhados pelo mundo. Terça, dia 19/02, à meia-noite e quinze.
 
O Exorcismo Negro (1974) (94’) – Um encontro inusitado entre o criador e a criatura. José Mojica Marins assina e interpreta seu personagem mais famoso: Zé do Caixão. Exorcismo Negro tem no elenco o protagonista ao lado de Jofre Soares, Geórgia Gomide, Alcione Mazzeo, Walter Stuart, Marcelo Picchi, Wanda Kosmo, Agenor Alves e Ariane Arantes, dentre outros. O filme é uma alusão ao clássico do terror O Exorcista, de William Friedkin, lançado em 1973. O cineasta José Mojica Marins anuncia, em uma entrevista coletiva, seu próximo trabalho: O Tirador de Demônios. Para dedicar-se ao roteiro, viaja com direção à casa de campo de seu velho amigo Álvaro (Walter Stuart), onde coisas estranhas começam a acontecer: um piano de brinquedo toca sozinho, animais selvagens aparecem na árvore de Natal, cadeiras se movimentam e imagens de santos se materializam em diferentes lugares. O diretor compreende, então, que a família de Álvaro está possuída. Terça, dia 26/02, à meia-noite e quinze.
 
INÉDITO e EXCLUSIVO: A Estranha Hospedaria dos Prazeres (1976) (80’) – Atarefado com outras produções, José Mojica Marins pediu a seu discípulo Marcelo Motta que dirigisse o filme e só se encarregou de algumas cenas. O elenco conta com Ney Sant’Anna, Anecy Rocha, Joffre Soares, Maria Ribeiro, Emmanuel Cavalcanti e Jards Macalé. Numa estranha hospedaria isolada, o proprietário misterioso contrata funcionários para que possam receber pessoas em busca de abrigo. Numa noite de tempestade, aparecem vários clientes, entre eles um grupo de hippies, um casal de adúlteros, um suicida, um gigolô e empresários corruptos. Na manhã seguinte, os desavisados descobrem a verdadeira identidade do dono do local: a Morte! Terça, dia 05/03, à meia-noite e quinze.
 
INÉDITO e EXCLUSIVO: Demônios e Maravilhas (1976) (50’) – Anunciado pelo próprio como um registro biográfico da luta do criador para manter a sua criatura, o documentário é a dramatização da história da vida e da batalha do diretor José Mojica Marins para representar seu personagem Zé do Caixão diante de muitas dificuldades – principalmente a censura, em tempos de ditadura militar. O destaque fica por conta da abordagem de questões pessoais, como a prisão arbitrária, os problemas decorrentes do alcoolismo e até sua suposta morte por alguns minutos. O filme mescla cenas reais a passagens adaptadas para a sétima arte. Até então inédita no Brasil, a produção foi lançada em vídeo apenas nos Estados Unidos, no ano de 1996. Terça, dia 12/03, à meia-noite e quinze.
 
INÉDITO e EXCLUSIVO: Inferno Carnal (1977) (83’) – Dr. George Medeiros (José Mojica Marins) é um brilhante cientista que trabalha muito e não encontra tempo nem para sua bela esposa Raquel (Helena Ramos). Carente, ela começa a ter um caso com o melhor amigo do marido. Os amantes, então, planejam eliminar George e ficar com sua fortuna. Aproveitando-se da distração do marido no laboratório, ela joga ácido no rosto de George, desfigurando-o. Enquanto ele se recupera no hospital, a dupla de golpistas gasta o dinheiro. Depois de passar meses hospitalizado, Dr. George volta para casa com um sombrio plano de uma vingança lenta e dolorosa em mente. Terça, dia 19/03, à meia-noite e quinze.
 
DESTAQUE: Delírios de um Anormal (1978) (84’) – Placa de Prata no Festival de Brasília de 1978, o filme compila partes de quatro obras de Mojica: O Despertar da Besta (cujas sequências originais só foram liberadas pela censura na década de 80); cenas não aproveitadas de Exorcismo Negro; além de trechos em preto e branco de Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver e O Estranho Mundo de Zé do Caixão tingidos de cores diversas. Para montar o roteiro, Mojica filmou cerca de 35 minutos com passagens novas, acrescentando elementos à trama. Dr. Hamílton (Jorge Peres) é um psiquiatra aterrorizado por pesadelos nos quais Zé do Caixão tenta roubar sua esposa, a bela Tânia (Magna Miller). Seus colegas médicos decidem buscar ajuda com o cineasta José Mojica Marins, que tenta fazer Hamílton compreender que Zé do Caixão é apenas um personagem e não passa de uma criação de sua mente. Terça, dia 26/03, à meia-noite e quinze.

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